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ela Provisão Regia expedida pelo Conselho Ultra
marino em 20 de Julho de 1782, D. Maria Rainha de Portugal, dos Algarves daquém
e dalém mar em África e senhora de Guiné e da conquista fez saber ao Governador
e Capitão General da Capitania de São Paulo que lhe foi servida ordenar-lhes
que pelos servidores das comarcas mandassem fazer todos os anos as Memórias dos
novos estabelecimentos, fatos e casos mais notáveis e dignos da história que
tivessem sucedido desde a fundação dessa Capitania e foram sucedendo desde a
fundação dessa Capitania e foram sucedendo sendo estes escritos pelo vereador
segundo, atendendo-se o impedimento que pode ter o primeiro, servindo de Juiz o
qual no fim de um ano se destinado para
este fim; dando fé todo o corpo de vereadores por escrito de serem aqueles
fatos e sucessos verdadeiros. Recomendou outrosim que os mesmos Ouvidores em
Correição tivessem particular inspiração em tão interessante matéria. Antonio
Ferraz de Azevedo o fez em Lisboa em 20 de julho de 1982.
O Secretário Joaquim Miguel Sabre a fez escrever, Miguel
Serrão Diniz, Joaquim Baptista de Vaz Pereira. Está conforme Miguel Carlos
Ayres de Carvalho. Segundo se diz o historiador este aviso acha-se registrado
em um livro da Câmara Municipal de Paranaguá.
_______________________
O Dr. Manoel da Fonseca Lima e Silva presidente da
Província de São Paulo em Portaria datada de 15 de Março de 1845 para o
cumprimento dos avisos de 9 de Março e de 11 de Dezembro de 1844 expedidos pelo
Secretário do Império recomendou a Câmara Municipal de Morretes que
perscrutando o seu arquivo fizesse seleção dos documentos que pudessem
interessar a nossa história e solicitasse também auxílio de particulares nesse
sentido, enviando-os à Secretaria da referida Província.
_______________________
Antonio Vieira dos Santos na dedicatória que fez em 21 de
Maio de 1851 da Memórias à Câmara Municipal de Morretes, diz que os documentos
preciosos sobre a vida de Morretes foram extraídos dos arquivos da Secretaria
do Governo da Província, das Câmaras Municipais de Paranaguá, Curitiba e de
Antonina e de cartórios de extintos Ouvidores e de outras autoridades relativas
à memorável lide que sofreram os povos do município em virtude da bela posição
em que a natureza quis colocar a Villa e servir de centro Geral do Comercio das
vilas centrais, sendo aí o mercado de todos, o que deu lugar a surgirem
rivalidades, disputando-se o traçado da estrada que devia dar comunicação a
Curitiba que devia partir dali visto a povoação gozar desse direito a mais de um
século, e o povo reclamou do Imperador essa mercê e foi atendido.
Aí ele lembra que a instrução da juventude deve começar
pela leitura da história Pátria para que fiquem gravados em sua memória os
feitos dos nossos antepassados e cita como heróis os Amadores Bueno, os Britos,
Laras, Correias, Pires Antunes, Cabrais, Rodrigues e Subtis.
1560-1812- Descobrimento e a criação da freguesia.
Primeiros colonos que chegaram à Bahia de Paranaguá e Cubatão de Morretes de
outros rios que correm para a mesma baía. A descoberta de minas de ouro em
diversos lugares aquém das cordilheiras da serra do Mar.
Diz o autor das Memórias de Morretes que não existem nem
nos autores da história do Brasil nem nos arquivos das Câmaras Municipais,
memória alguma que indique o ano em que os primeiros colonos vindos de Cananéa
estabeleceram-se na ilha da Cotinga. Presume-se que não tivessem procurado a
terra firme por estarem em desavenças com os índios Carijós que habitam no
município de Antonina e Morretes, tendo por sede o lugar chamado
Sambaqui-Guassú, o maior do litoral, próximo ao rio Sagrado onde existem
montanhas de cascas de ostras, com a extensão de 200 a 250 braças.
Dentro desta extensão possuía uma área de 50 a 100
braças, o guarda mor Antonio de Oliveira Lisboa e foram plantadas por Trustão
Alves Ferreira três quartas de feijão.
Pelas ostreiras do rio das Pedras, Ilha Teixeira e
Itapema, podia se calcular que os índios que habitavam aquela costa eram de
número de seis a oito mil. Tendo posteriormente esses colonos conseguido a
amizade dos índios, entraram pelos rios e descobriram abundantes minas de ouro
no rio Gorguassú, as maiores da Costa do Brasil, do qual remeteram um frasco ao
Rei de Portugal. Os primeiros rios explorados foram o Guarumbi, rio do Pinto e
Cubatão.
Afirma o historiador que em 1570-1572 verificaram nas
várzeas que mais tarde tornaram-se o Município de Morretes, a abundância do
ouro que dizia-se ser um tapete aurífero, aparecendo em qualquer escavação;
assim foram descobertas as minas no rio Marumbi, rio do Pinto e do Cubatão, no
Pau Vermelho e no Pantanal, as do
Pirapóia, Carioca, Limoeiro, do ribeirão do Canguiri, no lugar então denominado
Água Virada. Os exploradores seguindo pela estrada do Arraial, passaram a serra
Velha, o morro das Cruzes, do Ribeirão dos Padres, do Palmital e Sant’Ana,
descobriram outras minas no Arraial, fazendo ainda outras descobertas. Outros
exploradores pelos mesmos anos procuraram examinar os grandes rios que deságuam
na bahia de Antonina e descobriram o da Faisqueira, nome derivado dos
trabalhadores-faíscantes. Estes, dominados pelo desejo de novas descobertas,
abriram piques na serra Graciosa, por onde quiseram fazer trânsito geral, não
tendo sido até então possível ser aproveitado esse tratado, apesar dos esforços
do Governo Central e das Câmaras de Curitiba e de Antonina. Diz a tradição que
alguns caçadores vindos em perseguição de uma anta conseguiram matá-la nas
proximidades de Porto de Cima e que a trilha feita por esses caçadores veio a
servir de estrada por onde os viajantes desciam e sobiam conduzindo cargas nos ombros.
Vias de
comunicação
O ponto principal de embarque que era no rio do Pinto, no
sitio de Theodora da Costa. Dando-se o desembarque seguia o caminho do Pau
Vermelho passando pelo terreno das lavras, conhecido com a denominação de
Pantanal e Limoeiro, subindo o morro de Brejautuva da Serra Velha da Fartura do
Pau oco saía no lugar Arraial.
*
A Villa de Curitiba foi designada pelo Alvará de 19 de
fevereiro de 1812 para residência do Ouvidor da Comarca, sendo elevada à Categoria
de Cidade pela lei provincial nº 5 de 5 de fevereiro de 1842.
O primeiro Governador de São Paulo foi Antonio de
Albuquerque Coelho cujo governo estendeu-se a Minas Gerais e Rio de Janeiro,
tendo sua residência nesta última cidade – 1709-18 de Junho de 1910. A fundação
de Curitiba de Villa data de .
Aqueles colonos exploraram também as minas de ouro
existentes em Araçatuba, Arraial Queimado, Votuverava, Tindiquéra, Ouro Fino,
Conceição, Amparo, Açongui, Potunã, Campos de Pedra e Villa Nova do Príncipe
até 1772, época em que dirigiram-se a Guarapuava e rio Tibagi e desceram o
Iguassu até a sua foz. Seguindo para Buenos Ayres, ahi foram presos o
Comandante desta expedição Bernardino da Costa Silveira e o da 2ª Bruno .
Abre-se um parêntesis na história de Morretes para falar das sesmarias
estabelecendo-se gados vacuns e muares, tais eram os Capitães mór João
Rodrigues de França e José Carneiro dos Santos, Capitão Gaspar Gonçalves de
Moraes que ocuparam os campos de José dos Linhares e Lapa, tendo obtido outras sesmarias; como sejam a
do Capucú, Bom Jesus, Roseira, Rio Grande, do Taborda, do Andrade, de José da
Costa Pinto, da Borda do Campo que pertenceu aos Padres da Companhia, dos
Campos de Itabaúna, Capão Grosso, Canguiri e Timbú. Agora descreve as estâncias
– a da serra dos Carlos no distrito de Tamandaré, a de S. Luiz e do Redondo no
distrito da Palmeiras, as do Botuquara, as dos Porcos de Cima e de Baixo, no
distrito de Ponta Grossa, as do Cambejú, Tarácoca, Uvaranas, Pitanguy, no
distrito de Castro Boqueirão, chamada da Palmeira, Carambei. Indo pela estrada
debaixo do distrito de Palmeiras do rio das Mortes, a da Cancela, do Portão dos
Buracos, no distrito de Ponta Grossa – Carrapatos, Papagaios, Santa Cruz,
Quartola, Olho D’Água, Guaraúna e S Felippe. No Distrito da Villa de Castro a
da barra Gualtelar de S. Bento, S. João, Furnas de Cima, Maracanã, Cercadinho,
Tabor, Capão Alto, Cunhaporanga, Bacoral, Tucúm, S. Lourenço, St. Cruz,
Fortaleza, Taquara, Curralinho, Tapéra, Sto. Amaro, S. José do Monte Negro, Vilela, Caxambú, das
Almas, das Cinzas, Jaguariaiva, Samambaia, Limoeiro, Pinheirinho, Portinho,
Morungava e muitas outras para o lado da Faxina.
A história da abertura das estradas para estes lugares,
diz o historiador, é antiquíssima e consta do livro do Tombo da Câmara
Municipal de Curitiba no provimento exarado pelo Ouvidor Geral Dr. Rafael Pires
Pardinho quando percorreu as vilas do sul da Capitania em 1720.
Contrato Real de
Passagens
Mais tarde a
junta da Fazenda estabeleceu um contrato por conta da Fazenda Real,
denominando-se a casa do administrador das rendas – o Porto Real, cuja
denominação de Porto de Baixo – o do Rio do Pinto que passou a ser na povoação
de Morretes, onde achava-se o Caixeiro ou administrador do Contrato.
Primeiros
Povoadores de Morretes
Gabriel de Lara,
Capitão Mór e povoador da Capitania de Paranaguá e seu distrito, concedeu em
carta de 11 de outubro de 1665 do Capitão Manoel Dias Velho todas as terras que
dadas não estivessem a partir do rio Sambaqui pelo Cubatão, do Porto do Inferno
acima e outro tanto em quadra na extensão de meia légua, tendo o doado entrada
na dita posse como consta do auto em virtude de mandado do Juiz Dr. Sebastião
Cardoso de Sampaio.
.:. Minas de Ouro
.:.
As que de maior
fama deram à povoação de Morretes foram exploradas pelos anos de 1665 a 1725 no
espaço de 60 a 70 anos, tendo por isso nesse tempo a fluido muitas famílias
nobres e estabeleceram-se nas férteis margens dos rios Cubatão, Guarumbi e Rio
do Pinto, explorando-as como fossem as dos Pinheiros, Setubal, Carneiras, Matosos,
Franças, Cardosos, Limas e outras para explorarem as principais minas.
1ª – As de Panajoia, lavras que foram muito abundantes,
onde foi extraída grande quantidade de ouro em cascalho azul e pertenciam ao
Sargento Mór Domingos Cardoso de Lima, mineiro abastado possuidor de muitos
escravos e enriquecidos com as lavras do Açongui. Veio estabelecer sua morada
no Rio do Pinto, no sitio que veio a pertencer aos Marinhos. Sua casa era
adornada de damasco e seda, sua mesa servida de baixela de prata, suas mocamas
ou mulatas, pagens de sua família, adornadas de grossos cordões de ouro de mais
de 100 oitavas de peso. Tinha uma banda de música de instrumento de sopro
composta de seus escravos que tocavam principalmente quando ele ia à Villa de
Paranaguá, fazendo entrada pomposa. Era possuidor de casas de sobrado próximas
à Igreja de São Benedito.
2ª – As do Pantanal, lavras donde foi extraído ouro muito
fino de um subido quilate, pertencentes a Manoel Correia Mattoso que residia no
lugar chamado Pau Vermelho, onde tinha seu estabelecimento.
3ª
– As da Carioca que pertenciam ao Cap. Antonio da Silva Braga também morador
no Pau Vermelho, casado com Dª Maria Pinheiro dos Santos, filha de alferes
Manoel Domingues dos Santos das principais famílias de Paranaguá, que tendo
perdido a maior parte dos escravos que possuía, veio a falecer pobre e cego em
17 de Setembro de 1809.
4ª – As do Limoeiro pertencentes a Luiz das Chaves,
situadas à margem da estrada que vai para o Arraial – também possuía escravos.
5ª – As do Pau Vermelho pertencentes a Domingos Botelho –
os seus operários eram escravos.
6ª – Lavras diversas em pau Vermelho onde trabalhavam
Antonio Pinto, José Pinto e Raymundo José Sanábio que residia em Grande. Este famoso
mineiro veio de nome suposto e só verificou-se o seu verdadeiro nome que era –
José Machado – natural da Ilha da Madeira, vindo para o Brasil em 1760 a 1765
por assim ter declarado em seu testamento e foi casado com Dª Eufrasina da
Silva Freire, também das principais famílias de Paranaguá.
7ª – As do Ribeirão nos morros da Carreira, pertencentes
ao Mestre de Campo Antonio Gomes Setubal e depois a André Gonçalves Pinheiro,
Cap. Mór da Villa de Paranaguá e provedor das minas, passando depois ao Cap.
Antonio Rodrigues de Carvalho, casado com Dª Maria Gomes Setubal, a mais ilustre
das famílias paranaenses. Foi este o fundador da primeira Capela de Morretes,
em 1º de Agosto de 1801. Era Senhor de muitos escravos e muito abastado; sua
mesa era servida com baixela de prata e alfaios de damasco. Em sua casa havia
um altar portátil, onde o seu filho Padre Antonio Rodrigues de Carvalho dizia
missa e foi um patriótico morretense. Ocorreu o seu falecimento em 20 de agosto
de 1845.
8ª – As de Uvapuranduva no lugar Canguiri, pertencentes
ao Cap. Manoel Gonçalves Carreira, um dos principais figurões de Paranaguá que
muito concorreu para a construção dos Colégios dos Jesuítas, gastando nessas
obras mais de oito mil cruzados, legando ainda em seu testamento um cordão e
crucifixo de ouro com o peso de 163 oitavas de ouro (1757). Era tal a riqueza
que desfrutavam os habitantes do município de Paranaguá, que por seu falecimento,
cada um legava grandes somas em ouro às irmandades das igrejas. Por exemplo o
Sargento Mór Domingos Carvalho da Cunha legou uma coroa de ouro à N.S. do
Rosário e outra do Menino com o peso de três Marcos, duas onças e quatro
oitavas. O Padre Antonio Gonçalves Pereira Cordeiro e sua irmã Da Rosa Anna
Maria deixaram à mesma Irmandade muitas joias de prata e ouro, que haviam
recebido da herança de seus Paes.
O Sargento Mór Christiano Pinheiro França legou à
Irmandade do Santíssimo Sacramento duas lâmpadas de prata e um ornamento
riquíssimo que importou em 1:207$330.
Dª Maria Pinheiro, viúva do Sargento Mór Damião Carvalho
da Cunha deu quatro lâmpadas de prata e Dª Antonia da Cruz França, mulher do
Sargento Mór Francisco José Monteiro e Castro deu a grande bacia para o lava-pés
da Semana Santa. Devido à abundância do ouro, deixaram de explorar outros metais
de que encontraram vestígios, como fosse o azougue, a talatinga branca,
considerada pelo mineralogista Dr. Rates, igual à porcelana chinesa.
9ª – Guilherme Paulo, de nacionalidade inglesa, era
proprietário de uma lavra em Uvapuranduva no Canguiri. As da Capituba pertenciam
ao feres Thomaz Correia Pimentel e outros. As margens desse rio eram muito
habitadas; entre outros residiam o Cap. Mór Antonio Ferreira Matozo, Francisco
Ferreira de Mesquita, os Capitães Aniceto Borges e Manoel Lourenço Pontes,
todos genros do Sargento Mór Domingos Cardoso de Lima, residiam no rio Marumby
e o último mineiro com muita escravatura bem como Domingos Cardoso Lima,
Francisco Thomaz Correia Pimentel casado com Dª Isabel de França e o Alferes
Antonio Lopes Vaz casado com Dª Margarida de França e no rio do Pinto o Cap.
Mór José Carneiro dos Santos, Cap. Miguel Nunes no sítio que depois pertenceu a
um F. Duquinha, genro do Sargento Mór Domingos Cardoso de Lima mudando-se do
Sitio do Campo vendido aos Marinhos, Carta de sesmarias – Nos antigos livros da
Câmara Municipal acha-se registrada uma carta de Concessão de uma sesmaria
passada pelo Governador do Rio de Janeiro Francisco de Castro de Moraes,
Comendador da Ordem de S. Miguel do Bugalhal, da Ordem de Cristo do Conselho de
Sua Majestade com a data de 30 de Maio de 1710 a Antonio Rodrigues Domingues e
aos seus filhos Matheus da Costa e Anna Domingues de meia légua de terras a
cada um e finalizaram a medição dessas terras que pertencem ao falecido Claudio
de Ramos, rio donde mora o Padre João da Veiga com suas quadras que a dita
légua pertenceram. A condução dos genros que vinham permutar serra acima era
feita pelos interessados em seus próprios ombros.
Em 20 de Abril de 1723 foi assinado na Cidade de Santos
por Timóteo Correia de Góes, provedor e contador da Fazenda Real nas Capitanias
de S. Vicente e Conceição e Juiz d’Alfândega por sua Majestade a quem Deus
guarda e Vidor Geral da Infantaria da Praça de Santos o Alvará de arrendamento
da passagem de Cubatão da Villa de Paranaguá para Curitiba em favor do Cap.
Francisco Rangel na mesma Villa pelo prazo de 3 anos e pelo preço de 48$000.
Essa passagem ficou denominada Porto Real.
Provisão de Sua Majestade passada pelo Conselho
Ultramarino confirmando um dos Capítulos do Dr. Rafael Pires Pardinho.
D. João por Graça de Deus, Rei de Portugal e dos
Algarves, daquém e dalém mar em África e Senhor de Guiné, etc.
Faz saber aos oficiais da Câmara da Villa de Paranaguá
que se viu a conta prestada em carta de 8 de outubro de 1821 que na Correição
feita pelo Ouvidor Geral Rafael Pires Pardinho deixou provido que nos portos e
passagens existentes dessa Villa para o rio S. Francisco no rio Guaratuba e
deste para a Villa de Curitiba nos pontos que chamam Padre Veiga, Morretes,
Porto de Cima e Carniças e desta para a Villa de Cananéa do porto do Varadouro
e Superagui e que o mesmo Ouvidor Geral mandou abrir no Sebuhy em cada um dele houvessem 300 braças
de terras para que essa Câmara as distribuísse pelas pessoas que nelas
quisessem morar tornando-se os rendeiros senhores das ditas passagens, criando-se
assim novas povoações.
Outra resolução de Sua Majestade expedida pelo Conselho
Ultramarino de 29 de fevereiro de 1722 franqueou aos Paranaguenses o direito de
exportarem gêneros para a Colônia do Sacramento ou a todos os Portos do Brasil
madeira, cal de ostras, telhas e tijolos e de introduzir congonha em Buenos
Ayres. Este comércio já havia sido feito em 1692 pelo espanhol Dom Francisco de
Alzagarai que veio a Paranaguá ensinar o beneficiamento da Herva mate.
Considerando que os habitantes sujeitos à Paróquia de N.
S. do Rosário – principalmente as do rio da Cachoeira, Faisqueira e dos
Contornos da baía daquele Município a irem a Paranaguá, o Sargento Mór Manoel
do Valle Pinto morador onde hoje acha-se edificada a Villa de Antonina,
requereu em nome dos povos do bispo do Rio de Janeiro D. Francisco de S.
Jeronymo pedindo faculdade de poderem levantar naquele lugar sua Capela debaixo
do Orago de N. S. do Pilar da Graciosa cuja licença foi concedida pela Provisão
de 11 de Setembro de 1714 – a qual foi feita e acabada de pedra e cal dentro de
oito meses, sendo benzida em 9 de Junho de 1715 e visitada nessa época pelo
Vigário da Vara XX Christóvam da Costa e Oliveira e desligada da Paróquia de
Paranaguá pela Provisão do mesmo Bispo de 2 de Maio de 1719, tendo pertencido à
Paróquia de Paranaguá pelo espaço de 93 anos.
Medições em Morretes – Joaquim José de Araujo, Secretário
da Câmara municipal desta Villa por nomeação do mesmo na forma de lei etc.
Certifico que a pedido do Cap. Modesto Gonçalves Cordeiro da Villa de Morretes,
revi o arquivo desta Câmara e em um livro que serve de Tombo da mesma à fs.156
verso em diante consta o auto de medição e posse do teor seguinte:
“Auto de medição e posse que fizeram os oficiais da Câmara
de trezentas braças de terras no porto de Morretes termo desta vila.
Ano do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo de 1733,
aos 31 dias do mês de Outubro do dito ano, neste porto de Morretes onde assiste
João de Almeida, termo desta Villa de Paranaguá e onde veio Juiz Ordinário José
Morato e o vereador mais velho Manoel Moreira Barbosa e o segundo Antonio José
de Mendonça e o Procurador do Conselho José Alves, comigo Escrivão do público e
Tabelião Antonio José Garcia, homem a quem os oficiais da Câmara elegeram para
Alcaido, por se achar enfermo o atual Estevam Ferreira, a quem o Juiz
Presidente deu juramento de baixo do qual lhe encarregou fizesse sua obrigação,
e sendo aí pelos ditos oficiais da Câmara foram medidas trezentas braças de
terras em quadra segundo a ordem de Sua Majestade a quem Deus guarde. A medição
começou na barra do Esteiro onde tem seu porto João de Almeida tendo sido
imprimida na pedra grande meio chata a letra R e continuando-se com a
tal medição se inteirou ao rumo de Oesnoroeste rumado com o agulhão pelo piloto
Francisco de Araújo.
Cento e cinquenta braças que confinou ao dito rumo em um
ribeirão que parte pelo travessão ao de sussueste cuja barra fica servindo de
divisa à dita medição e continua-se com outras 150 braças ao rumo de Lessueste
que confinou com dita conta na volta do rio que faz abaixo do dito João de
Almeida defronte de uma cachoeira em cuja volta se acham duas pedras no rio
Guarumbi perante as testemunhas adiante nomeadas e assinadas foi apregoado pelo
dito Alcaide, dizendo “posse, posse, posse Real”. Tomam posse os oficiais da Câmara
por ordem de Sua Majestade a quem Deus guarde: há quem se oponha, ou há quem
tenha embargo a ela? E dizendo isto pegou em um punhado de terra e o botou para
o ar e não houve quem saísse a tal posse com embargos, à vista do que houveram
eles ditos oficiais esta medição por feita e a posse por tomada em nome de Sua
Majestade a quem pertencem as ditas terras, segundo a mesma ordem que dele há e
logo foi modificado ao dito João de Almeida como rendeiro da dita parte.
Conhecessem estas trezentas braças de terras em quadras pertencentes ao
Conselho desta Villa e que tivesse muito cuidado dos marcos enquanto nela morar
de modo que não tivesse principalmente o debaixo por ser sobre o porto que
assim se obrigou de que tudo fiz esse auto, que assinarão todas estas
testemunhas. Luiz de Andrade, Ignácio Morato e eu Gaspar Gonçalves de Moraes,
Escrivão que o escrevi - João Morato de Lemos, Manoel Moreira Barbosa, Antonio
João de Mendonça e Miguel Alves Pedroso. , Antonio Rodrigues Garcia Cruz,
Francisco de Araújo – João de Almeida, Luiz Anaré, Ignácio Morato – E não se
continha mais no dito que aqui registrei neste livro de Tombo, bem fielmente do
próprio auto que se fez e vai na verdade – Paranaguá 7 de Novembro de 1773 anos
e eu Gaspar Teixeira de Moraes, Escrivão da Câmara que o escrevi e assinei –
Gaspar Gonçalves de Moraes – Concertado com a própria – Moraes – Copiado pelo
Escrivão da Câmara Joaquim José de Araújo em 19 de janeiro de 1842. Auto de
medição de 300 braças de terras na paragem chamada Porto de Cima:
Começou no terreno de
Francisco de Sousa Dias ao rumo de Nornoroeste 150 braças e confinou rio acima
onde chegou. Servem de cruz dois marcos de pedra. Juntos. Na mesma forma se
continuou a medição para baixo a rumo de Sussueste. As outras 150 braças de
terras que juntas fazem as trezentas, o que foi feito a dita medição se fincou
um marco de pedra sobre o rio, ao pé de um pau em que se pôs uma cruz e no dito
terreno de onde se começaram as medições, se pôs outro marco com a letra R
imprimindo na pedra e assim feita a medição foi pelo dito Alcaide apregoado na
forma do primeiro auto e assim não houve quem oferecesse a ele e nem saísse com
embargos alguns e nesta forma houveram os oficiais, a medição por feita e a
posse por tomada, das trezentas braças de terras em quadra na forma da posse
que se tomou noutro porto de que tudo fiz este auto que assinei, sendo
presentes Luiz de Andrade, Pedro de Gouveia e juntamente Francisco de Araújo,
homem experiente em agulha, por quem foi demarcado o rumo. Vêm as assinaturas.
Auto de medição e posse que tomaram os oficiais da Câmara,
de trezentas braças de terras no porto a que chamam de Padre Veiga – a do Arraial
Grande.
Ano do nascimento de N.S Jesus Cristo de 1733, aos doze
dias do mês de Novembro do dito ano neste porto do Arraial Grande onde chamam
porto do Padre Veiga existe Manoel Pinto. A medição começou no dito porto onde
se pôs um marco de pedra com a letra R
a rumo de Sudoeste rio acima com 175 braças. E feita assim a medição rio
acima se pôs um marco de pedra junto a um pau de canela e demarcada por esta
parte se continuou a medir rio abaixo a rumo de Nordeste 125 braças que somam
as 300 braças na dita paragem se lhe desse o sertão das 300 braças que confinam
para a parte do rio Guarumbi, para a parte do rumo de Noroeste e feita assim a
medição foi pelo Alcaide apregoada – “posse, posse, posse em nome Real” – com
as formalidades e assinaturas iguais às anteriores.
Diz o historiador que a navegação que se fez em 1725-1730
era pitoresca, pois o rio Cubatão era estreito, suas águas eram cristalinas,
suas margens cobertas de espessas matas, de grandes arvoredos de cor
verde-negra e neles enramados até o cimo de seus galhos, a tiririca de um verde
claro que pareciam pirâmides obscurecendo a corrente das cristalinas águas.
No salto Funil nos primeiros anos de sua navegação
viravam canoas perecendo muita gente afogada. Além desse salto existiam muitas
cachoeiras como fossem as Pedras, a da Guaporunga, e a última cachoeira
comprida chamada a da Vergonha, fronteira à Villa. Enfim a navegação era
possível até o Porto de Cima, onde fazem viagens diárias 608 canoas, e de
Paranaguá a Morretes eram em número de vinte mais ou menos, tendo havido em
1846 muitas desobstruções, até cortes nas voltas, que ficariam com o nome de
furados. Fez-se o corte na volta a grande chamada de Santa Fé e a da Ururá.
Povoação do Rio do
Pinto ou Porto do Padre Veiga
Como este fosse o porto de embarque e desembarque da antiga
estrada do Arraial, teve nele a princípio uma pequena povoação construindo-se casas de madeiras coberta de palhas, umas
servindo de armazéns e depósitos de gêneros que vinham de Serra Acima com
destino a Paranaguá e vice-versa e outras para estabelecimentos comerciais.
Este porto foi abandonado passando o seu comercio a ser feito em Morretes, que
começou a florescer entre os annos de 1769 e 1777 e em 1780 só alli existia
Theodoro da Costa cultivando a terra.
Povoação de Morretes
Primeiro
habitante foi João de Almeida com sua família entre os anos de 1728 e 1730 de
Paranaguá a concessão da carta de data. Sua família era composta de um filho
Domingos de Almeida, seu genro João da Cunha e mais um carpinteiro que não se
sabe se fazia parte da família e era conhecido pelo nome de Boabussú; casado
com Maria Gonçalves e tinha três filhos Marcelino, Martinho e Bonifácio.
João
de Almeida fez sua casa de morada no alto da igreja próxima ponte do Ribeirão e
mais outra apropriada para fábrica de farinha e um pequeno engenho aparelhado
para moer cana, movido por tração animal, aproveitando para sua serventia o
porto de embarque que mais tarde veio a pertencer ao Comendador Araújo.
Domingos
de Almeida edificou a sua pequena casa à rua dos Campos.
O
Buabussú construiu a sua, sobre a ribanceira do rio, com a frente para o
barranco da igreja, as quais depois de sua morte serviram de residência
ordinária aos contratadores das passagens ou seus agentes, onde se fez outra
unida que servia de armazém do mesmo contrato, tendo o porto de serventia
próximo mesma que ainda até hoje conserva o nome de porto do Contrato.
Já
nesse tempo deveria existir o trilho de comunicação por terra com o Porto de
Cima para avistar a viagem por canoas. Seguindo este trilho abriu-se o caminho
para trânsito público, sendo mais tarde feita nova estrada, marginando o rio,
com a extensão de 3410 braças. E como o terreno era alagadiço fizeram-se
diversas representações ao Governo sobre a conveniência dos reparos de que carecia a estrada, tendo
tido começo em 1º de maio de 1827, a construção de um açude, em toda a extensão
da várzea, com largura de 14 palmos e de 2 de altura, fazendo-se também roçados
das matas ao correr da estrada, serviço este que durou cerca de dois anos.
Povoação de Porto de Cima
A
povoação de Porto de Cima data de 1700 com o estabelecimento de alguns
moradores, entretanto pensa-se que tivesse princípio em 1723, época em que foi
arrematado o primeiro contrato das passagens pelo Cap. Francisco Rangel que
necessitava aí residir ou seus caixeiros para o que necessitou fazendo casas e
armazéns, atraindo mais habitantes.
1738
Tendo
sido feito o novo caminho que ia pela Graciosa para a freguesia de N.S do Pilar
e para a Villa de Curitiba, sendo necessário para maior comodidade dos
viandantes nas povoações que houvessem casas para agasalhá-los no porto do
Cubatão de Morretes. D. João Francisco Laynes representou a Câmara em 18 de
outubro de 1838 no sentido de serem concedidas terras devolutas para essas
construções. A Câmara concedeu por carta de data de 8 de Novembro do mesmo ano
para que ele construísse no porto novo, não impedindo a que outros ali se
estabelecessem ou fizessem suas lavouras, pastos para animais, independente de
qualquer remuneração. Nessa secção da Câmara funcionavam os vereadores Correia,
Miranda, Mattoso e Rodrigues, sendo escrivão Francisco Borges de Tavora. Isto
deu lugar ao aumento de população em ambas as povoações, de modo que pelos anos
de 1777 e 1783 já havia na povoação de Morretes 18 pequenas moradas de casas de
madeiras muito baixas e de pouca largura, sendo algumas cobertas de palha que
iam fazendo os principais moradores onde pudessem recolher suas famílias quando
viessem ouvir missa-quatro moradas na rua da Matriz, uma próxima à ponte do
ribeirão e feita pelo Alferes José de Souza, 2ª unida a esta do Padre Antonio
do Valle Porto e 3ª do Capitão Antonio Francisco e 4ª de Simeão Cardoso Rezes.
5 casas térreas pequenas na travessa da rua do Campo, feitas por Agostinho da
Silva Valle que era o principal negociante.
Duas
moradas na rua da Cadeia antes chamada Debaixo, uma era do Cap. Mór José
Carneiro dos Santos e outra do Tenente Joaquim da Silva.
Duas
ditas que fez Domingos Cardoso Lima Filho, umas unidas às do Boabussú e outra
na rua dos Mineiros que veio a pertencer ao Guarda Mór Jeronymo Teixeira de
Carvalho, e uma no canto da mesma rua que vai para a rua do Campo feita por
Antonio Pinto. Existiam cinco lojas com fazendas de Agostinho da Silva Valle,
do Tte. Joaquim da Silva, de José da Costa Pinto e a do Tte. João Pereira de
Oliveira: existiam também cinco armazéns de secos e molhados, sendo os de
Francisco Machado, mais sortidos. Este apurava cada mês duas e três libras de
ouro em pó, porque apesar de estar proibida na mineração desde 1732, eles
continuavam neste trabalho e como então havia escassez de moedas tudo se
comprava a troco de ouro e então se vendia a oitava a 1$120-as demais eram de
Jeronimo Teixeira de Carvalho, de José Lourenço Ponte e de José Rodrigues e
ainda existiam menores.
No
Porto de Cima havia uma loja de fazendas pertencente a Francisco Pinto, um
armazém de molhados de Ignácio Antonio que tinha casas de pedra e cal e mais
duas vendas, sendo uma de Francisco Pinto e outra de Antonio Pinto. Existiam
também as casas da administração do Contrato e 4 pequenas cobertas de palha,
sendo as de Francisco José Taveira, de Maurício Velloso da Mãe de Francisco dos
Santos Lopes e de uma preta forra chamada Maria...
O
grande comércio que então desenvolveu-se na cidade de Morretes desertou a
cobiça dos negociantes de Paranaguá de modo que a Câmara Real daquela Vila
queixou-se à Real Junta de Fazenda em oficio de 5 de fevereiro de 1780, dizendo
que o contrato nada rendia por se achar na Capela e distrito de Morretes
achava-se estabelecido um arraial com gêneros de molhados e lojas de fazenda
que o Ouvidor da Câmara vendo que era muito prejudicial ao negocio daquela
Villa havia proibido e não satisfeito veio à mesma Câmara a Morretes em 17 de
Março fazer sua correição geral, condenando uns e prendendo outros em Morretes
como em Porto de Cima, publicando editais de proibição, mas a Junta por sua
deliberação de 17 de Abril facultou as houvesse uma vez que tivessem licença
para isso, como tudo se mostrava em seu lugar.
Contracto de Passagens
Navegavam
nesses tempos pelos rios dez canoas efetivamente no Contrato de passagens,
cinco canoas menores na linha de Morretes para Porto de Cima, mais cinco canoas
grandes transportavam mercadorias de Morretes para Paranaguá e vice-versa.
Morretes já era de comércio bem desenvolvido.
As
águas do Cubatão eram excelentes e as enchentes desse rio elevaram-se de 20 a
26 palmos sobre o nível da corrente ordinária, causando algumas vezes danos às
plantações feitas nas suas margens. As que mais prejuízos causaram alagando as
ruas da Villa foram as de 1796 e 1846 que ficaram com o nome de “Diluvio”.
Na
vereança da Câmara de Paranaguá de 27 de dezembro de 1738 foi lido um ofício do
Dr. Ouvidor Geral e Corregedor da Comarca Manoel dos Santos Lobato dizendo que
havia chagado ao seu conhecimento o fato de haver virado na passagem do Funil,
uma canoa.
Na
vereança de 3 de Outubro a Câmara mandou chamar o Cap. Mór das ordenanças e em
falta deste oficial subalterno Cap. Amaro de Miranda, Valentim Teixeira,
Affonso da Silva e os Alferes Vicente de Souza Ferreira, Tte. Pedro Rodrigues
Antunes e os que estivessem presentes e lhes declarou que para a factura do
caminho novo da Graciosa que se andava fazendo
para os campos de Curitiba, o Dr. Ouvidor Geral tinha dado ordem para que se
pusessem prontos 70 ou 80 homens para dita factura e a Comarca achava acertado
que cada companhia desse 10 homens e um cabo, o que todos concordaram.
Portaria
de 13 de Outubro de 1764 do Conde de Bobadela dirigida à Câmara de Paranaguá
ordenava que houvessem propor um sujeito varonil e capaz de qualquer emprego
para servir de Capitão do Mato, o qual com certo número de soldados teria
cuidado em bater os matos, prender todos os delinquentes e fascinorosos que
achasse.
Portaria
de 1º de Abril de 1765 do mesmo Conde de Bobadela participando á Câmara que
Antonio José Lisboa, mestre do Arsenal da obra branca passava a Villa de
Paranaguá com o sargento José Pinto de Morato Fontoura examinar a qualidade dos
pinheiros que há nos matos da mesma Villa, para cujo efeito não se porá
impedimento por onde haja de passar, antes todos os oficiais da milícia e
justiça, falquejadores e serventes dêm toda ajuda e favor que lhes for preciso
para o bom êxito desta diligencia e condução de alguns dos ditos paus até o
porto de mar.
Liberdade de Comércio
A
Real junta de Fazenda da cidade de S.
Paulo em 17 de abril de 1780 concedeu autorização a toda e qualquer pessoa que
quisesse comerciar no sítio de Morretes tanto em fazendas como em molhados
procedendo as licenças de costume que seriam facultadas pela Câmara. Para
evitar a defraudação dos impostos deveria a Câmara proibir que os moradores da
dita Capela atravessassem as carregações
de gêneros e efeitos com que os comerciantes dos Campos Gerais e da Villa de
Curitiba descerem para essa Villa.
Como já se desenvolvia o comércio
de Morretes
Oficio
de 19 de janeiro de 1783, que ao Dr. Ouvidor Antonio Barbosa de Mattos
Coutinho, dirigiu a Câmara de Paranaguá.
Tendo
chegado a nossa presença várias queixas de homens de negócios desta Villa sobre
a conservação e existência de negócios de Morretes, mas olhando para os
capítulos da Correição de Vm.ce, achamos proibir toda fazenda seca naquele
continente e olhando para o livro de registro da Câmara achamos registrada uma
ordem expedida pela mesa da Real Junta de S. Paulo de 17 de abril de 1780 que
amplia o negócio nesses termos, entrando na dúvida se hão de prevalecer os
capítulos de Vm.ce ou a ordem da Real Junta da Fazenda. E o que se nos oferece
dizer a Vm.ce, a quem Deus guarde muitos anos. Paranaguá em Câmara de 19 de
janeiro de 1783.aa.) Simão Rodrigues Delgado, Francisco Xavier da Costa,
Antonio da Silva Braga, Manoel Lopes Guimarães.
Resposta do Ouvidor
O
provimento da Correição que fiz para se não passarem licenças para as lojas de
fazenda seca no lugar denominado Morretes foi aprovado pelo Exmo. Sr. General
Dom Martin Lopes para se evitarem por este meio estravio do oiro em pó, mas
como depois deste, veio da Real Junta ordem para permitirem as ditas lojas,
ficou suspenso aquelle provimento e não deve ter execução enquanto pela mesma
Real Junta se não mandar o contrário. Fico para servir a VM.ce a quem Deus
guarde por muitos anos. Paranaguá, 20 de janeiro de 1783 – Obsequioso Venerador-Antonio
Barbosa de atos Coutinho.
“
As enchentes maiores que visitavam Morretes foram as de 1796 e a outra em
janeiro de 1846, ambas duraram 2 ou 3 dias e foi de tal modo a quantidade
d’água, que a água doce repeliu a salgada até a ilha do Teixeitra” (Memórias de
Morretes, fs.50)
Morretes
durante 44 anos esteve sob a jurisdição de Antonina, tendo se desligado em 5 de
julho de 1798 em ofício do Dr. Ouvidor Corregedor da Comarca Manoel Lopes
Branco e Silva acompanhado de uma ordem da Real Junta de Fazenda para reabrir e
fazer o caminho de terra desde Morretes para o Porto de Cima de forma que
ficasse acabado o dito Porto de Cima, servindo de Porto Geral o dos Morretes.
Visita Eclesiástica
Em
6 de agosto de 1798 chegou pelas 8 horas da noite em Morretes o Bispo Diocesano
D. Matheus de Abreu Pereira que foi recebido com o maior júbilo da população
que enfeitou a cidade, caiou suas casas e aterrou as ruas.
Florescimento do Comércio de
Morretes
Desde
1811 até 1832, o comércio esteve no seu maior auge não só devido ao cerco de
Montevidéu que se prolongou até 1817, como depois pelo colóquio marítimo com o
novo ramo de exportação da erva mate para os portos da República Argentina,
Cisplatina e Chilena tendo com isso, muitos negociantes, enriquecido.
Os
curitibanos compravam bastante fazendas e objetos de ouro lavrado sem darem
importância aos preços.
Eles
próprios faziam a contagem do dinheiro que deviam receber porque já não se
ligava importância ao dinheiro, era tanto a confiança!
De
Paranaguá vieram muitas pessoas estabelecer-se em Morretes como foram:
Francisco Antonio Pereira, Simão José Henrique Deslandes, Caetano Gurgel do
Amaral, Francisco Pereira da Costa, Bento José de Siqueira, tendo alguns desses
comerciantes construídos fábricas de beneficiar erva mate, pela facilidade dor
motores hidráulicos, mas esta prosperidade só teve duração até o ano de
1730/1732, pela divergência dos negócios nos diferentes locais das duas
estradas e principalmente na povoação do Horto de Cima cujo florescimento
começou diminuindo de certo modo, o de Morretes.
No
ano de 1812 foi construída a primeira ponte toda de madeira sobre o ribeirão
comunicando a rua da Matriz a da Boa-Vista.
A
Provisão de 29 de abril de 1812 passada pelo Bispo Diocesano elevou a Igreja de
Morretes a freguesia de natureza coletiva, separando-se da Matriz de Antonina e
provida nesta data pelo Padre Joaquim José Leite Penteado como primeiro pároco
colado, que exigiu dos paroquianos lhe pagassem o uso das chamadas Conhecenças,
taxando $080 para cada chefe de família e $020 para cada escrava, exigência
essa, que não levou a efeito pois a Câmara de Antonina fez sobre isso uma
representação ao General da Capitania Antonio José de França e Horta que negou
a sanção a essa exigência fazendo com que a Camara publicasse edital nesse sentido.
Fim da 1ª época 1560-1812 – 252 anos.
2ª época – 1812-1822
O
Padre Luiz José de Carvalho, vigário da Villa do Príncipe veio em setembro de
1813 administrar o sacramento da Confirmação nesta igreja, instituindo-se a
festa do Espírito Santo. O número de casas era então 206/1107 almas de
confissão supondo-se que a totalidade dos habitantes atingisse a 1.800.
1816
Passou
por esta freguesia 50 famílias vindas das ilhas dos Açores, por ordem d’el-rei
D. João VI expedida pelo Ministro de Estado Conde de Linhares, em atenção ao
pedido do Cel. João da SilvaMachado, Barão de Antonina que seguiram para o
sertão.
1817
Passou
por esta freguesia o sábio naturalista francês Monsier Auguste de St. Hylaire.
1821
Neste
ano abriram-se em Morretes duas aulas particulares para o ensino das primeiras
letras, sendo uma de Francisco Rodrigues Baceller onde matricularam-se 20
alunos e outra de Felipe José da Silva, tendo já de começo 40 alunos.
Em
10 de junho de 1821 fez-se a primeira junta paroquial desta freguesia para a
nomeação dos eleitores e de deputados às Cortes Constituintes de Lisboa.
Em
17 de abril de 1822 fez-se outra junta paroquial para a revalidação da mesma
freguesia.
No
ano de 1822 tinha a freguesia de Morretes 1713 almas, 45 casas coletadas para o
pagamento da décima urbana em 29.967 e a importância do novo imposto sobre loja
e vendas conjuntamente com os da vila de
Antonina. Importavam em 285.158.
Em
28 e 29 de junho de 1823 se pôs uma cena em um grande teatro de madeira feito
na rua da Cadeia. Entremeses do valente do Sancho Pança e a comédia de Esopo ou Esopaida, peças muito
bem executadas por jovens morretenses que foram muito aplaudidas.
1823
– Em agosto ou setembro de 1823 os povos da freguesia de Morretes fizeram uma
representação à Sua Majestade Imperial, documentada com as informações que
deram as Câmaras de Paranaguá e Curitiba, requerendo que mandasse fazer à custa
dos rendimentos da Contribuição a parte da estrada que segue à margem direita do
rio Cubatão desde o Porto de Cima até a mesma freguesia de Morretes por terem
igual direito os povos da vila de Antonina.
Pedido
de elevação da freguesia de Morretes à categoria de vila. Senhor. À Vossa
Majestade Imperial representam os abaixo assinados moradores da freguesia de
N.S. do Porto de Morretes, termo da vila de Antonina, Comarca de Paranaguá e
Curitiba, província da Imperial cidade de São Paulo a urgente necessidade em
que se acham de ser dita a freguesia de N. S. do Porto de Morretes, termo da
Villa de Antonina elevada à categoria de vila. Criando-se nela o Senado da
Comarca, Justiças ordinárias e autoridades respectivas, tendo por limites os
mesmos que foram assinalados na criação da freguesia por autoridades
eclesiásticas, visto que além de ter a mesma acima de 1900 almas como se mostra
pelos documentos juntos, acresce, de mais a mais, ser aquele lugar um porto
geral do Cubatão com contrato onde se arrecadam dinheiros de passagens de todas
as vilas de serra acima bem como de todas as da marinha, pelo pelo que ai se
encontram pessoas de todas as qualidades que por isso e por ficar a dita vila
de Antonina em distância de três léguas mais ou menos, de caminhos escabrosos e
difíceis de transito, se animam a cometer mortes, roubos, assassínios e outros
delitos na firme persuasão de que enquanto chega a notícia das justiças já eles
delinquentes se põem a salvo, como sempre acontece, cujos males só se poderão
evitar tendo alguma justiça que possa com prontidão fazer executar e cumprir as
leis do Império, para aumento e prosperidade geral de seus habitantes. Sim,
Imperial Senhor, os recorrentes se oferecem e obrigam-se a fazer à sua custa as
casas para Câmara e Cadeia e todas as mais despesas que forem necessárias para
a dita criação logo que Vossa Majestade Imperial se digne deferir tão justa
súplica no que muito confiam à vista das inumeráveis providências que com mão
liberal têm prodigalizado o benefício de
seus fiéis súditos deste vasto e riquíssimo Império do Brasil de cuja especial
Graça E R.Mcê. Antonio José Araújo, Antonio Ricardo dos Santos, José Ferreira
Guimarães eleitores, Antonio Rodrigues de Carvalho, vigário interino Modesto
Gonçalves Cordeiro, Manoel Gonçalves do Nascimento, Severino Leandro Pereira,
Antonio José da Costa, Francisco José de Freitas, Joaquim Antonio Nóbrega,
Manoel Fernandes Moreira, Ignácio de Loyola e Silva, Manoel José dos Santos
Pinheiro, Antonio José da Silva, Francisco da Silva Neves, José Pereira de
Almeida, Serafim Alves Pinto, Luiz Antonio Baptista, Alexandre José Cardoso,
José Antonio de Araújo, Antonio Vieira dos Santos Júnior, Antonio José de
Medeiros, Serafino Borges, Manoel Rodrigues Sanchez. Ficamos a fs.141.
Em 10 de dezembro de 1825 chegou a notícia a Morretes de
que uns corsários argentinos tinham tomado as sumacas Aurora e Menalia,
sabendo-se logo da entrada da Menalia que foi retomada pelos escravos da mesma
tripulação, salvando o carregamento de onde vinham fazendas de José Pereira de
Almeida e ouros negociantes.
Em agosto de 1826 João Pereira Barbosa, português, abriu
na freguesia de Morretes uma escola noturna particular, para ensinar a língua
inglesa, recebendo em pagamento de suas lições, duas patacas, no fim de cada
mês, de cada aluno. Edital que se afixou na freguesia de Morretes para a
cobrança da Contribuição que se impôs na estrada do Arraial. O Dr. Joaquim
Teixeira Peixoto do Desembargo de Sua Majestade Imperial, seu Ouvidor Geral e
Corregedor Interino da Comarca de Paranaguá e Curitiba, com alçada no Cível e
Crime, Provedor das Fazendas dos defuntos e ausentes, Capelas, órfãos e
resíduos, Intendente do Superintendente da Décima e das terras e das águas minerais
e suas repartições Juiz dos feitos da Coroa e das justificações de índio e mina
e da polícia, Auditor da Junta de Guerra, conservador dos direitos nacionais,
tudo pelo mesmo Augusto Senhor de Deus guarde, etc.
Faz saber a todos os moradores da freguesia de Morretes,
que na denominação do Arraial que da freguesia de S. José desce para a marinha,
se acha estabelecido na paragem denominada Guarda Velha, o registro onde serão
guiadas todas as tropas e boiadas que desceram pela mesma estradas e sujeitas à
contribuição devem pagar para o conserto e conservação a mesma estrada etc. Em
28 de maio de 1827, O conselho do Governo de 26 de novembro de 1827 resolveu
por motivo de um requerimento do Cap. Mór da vila de Antonina e em virtude da
informação do Dr. Ouvidor da Comarca José Werneck Ribeiro de Aguilar de 1º de
janeiro do mesmo ano que pusesse em prática somente a fatura de caminho que do
Porto de Cima segue até a freguesia de Morretes pela margem direita do rio
pelas razões que expendem em seu parecer o mesmo Ouvidor e que deste lugar
partisse então um encruzilhada a encontrar com o caminho que segue para a vila
de Antonina no sitio de Plácido Mendes ou onde plus commode fosse.
Em 8 de dezembro de 1828 o vigário encomendado Padre João
José de Carvalho retirou-se desta freguesia sendo substituído interinamente
pelo Padre Vicente Ferreira de Oliveira que o substituiu até 8 de fevereiro.
Retirando-se este, o Padre Antonio Rodrigues de Carvalho vinha do seu sítio
dizer missa aos domingos e dia santo e fazer os batismos sem remuneração alguma
por parte do povo, até que o Padre Francisco de Linhares, vigário de Antonina
viesse por ordem do bispo dizer missa uma vez por mês (Em 1829 era presidente
de S. Paulo o Bispo D. Manoel).
Em 10 e 13 de maio de 1829 houveram espetáculos públicos
no campo fronteiro de dança de cavalinhos executada por Mr. Southy Italiano.
Por este tempo também houve a passagem pela mesma freguesia de muitas famílias
alemãs que a pedido do Cel. João da Silva Machado o Governo do Rio de Janeiro,
mandou para estabelecerem-se no sertão.
O Pharol era um
jornal que devia ser publicado em Paranaguá ou em S.Paulo, pelos anos de 1831
mais ou menos.
FS.443-Nº
441
Auto da Instalação
da nova vila dos Morretes
Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil
oitocentos e quarenta e um, aos cinco dias do mês de julho vigésimo da
Independência e do Império em casa do cidadão Antonio José de Araújo, vereador
mais votado para a Câmara da mesma vila onde se acharam mais seis vereadores
comigo Secretário interinamente nomeado para efeito de entabular-se a dita
Câmara na conformidade do disposto no decreto de 13 de novembro de 1832 e sendo
aí foi pelo dito cidadão lida a lei provincial de 1º de março do corrente ano
número 16, cujo teor é o seguinte: Raphael Tobias de Aguiar, Presidente da
Província de S.Paulo, etc. Faço saber a todos os habitantes que a Assembleia
Legislativa Provincial decretou e eu sancionei a lei seguinte:
1º) Fica criada em Villa a freguesia de Morretes do
município de Antonina com o distrito que ora tem. 2º) – O Presidente dará
ordens para a sua ereção e para a criação das autoridades e empregados próprios
das vilas. Artº 3º - Ficam derrogadas as disposições em contrário. Mando
portanto a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida
Lei pertencer, que cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se
contém. O Secretário desta Província a faça imprimir, publicar e correr. Dada
no Palácio do Governo de São Paulo ao primeiro dia do mês de março de 1841.
L.S. Rafael Tobias de
Aguiar.
Carta de lei pela qual V. Excia. Manda executar o decreto
da Assembleia Legislativa Provincial que houve por bem sancionar elevando a
freguesia de Morretes do município de Antonina à categoria de vila e dando
providências para a sua ereção e criação das autoridades e empregados próprios
das vilas como acima se declara. Para V. Excia.ver. – Joaquim José de Andrade e
Aquino a fez. Publicada nesta Secretaria a 1º de março de 1841 – Gabriel José
Rodrigues dos Santos. Registrada nesta secretaria do Governo no livro 2º das
leis a fs. 9 em 1º de março de 1841 – Joaquim José de Andrade e Aquino.
Secretaria do Governo de São Paulo 27 de abril de 1841. Gabriel Rodrigues dos
Santos. Depois do que fez o mencionado cidadão que a esta lei acompanhou a
Portaria do Exmo. Governo de 27 de abril de 1841 na qual se declarou que os
limites desta nova Villa serão os mesmos que ora tem e apresentando cópia do
termo de juramento que prestou perante a Câmara da vila de Antonina em virtude
do que ordenou a citada Portaria e dispõe o decreto de 22 de julho de 1833
passou-se a examinarmos diplomas dos vereadores presentes Antonio José de
Araújo, Ricardo José da Costa Guimarães, João Coelho Guedes, Antonio Luiz
Pereira, José Ignácio de Loyola, Modesto Gonçalves Cordeiro, Américo Gonçalves
de Moraes e verificando-se que estes eram realmente os mais votados, foi pelo
primeiro na qualidade de presidentes deferido o juramento aos demais pela
maneira seguinte: juro aos Santos Evangelhos desempenhar as obrigações de
vereador da vila de Morretes e de promover quanto em mim couber, os meios de
sustentar a felicidade pública. Cada um dos súditos vereadores, assentou-se no
lugar que lhe competia. E por esta forma houve o dito presidente os vereadores
por empossados e conseguintemente a Câmara por instalada. Do que e de tudo para
constar mandou lavrar este auto que será público por edital e em que assinarão.
Eu Manoel de Oliveira Cercal, Secretário da Câmara interinamente nomeado que o
escrevi. – Seguem-se as assinaturas do Presidente e demais vereadores.
O autor das Memórias fez grande elogio a estes camaristas
dizendo que eles concorram muito para o progresso e engrandecimento do
Município provendo a Câmara gratuitamente dos móveis e utensílios de que ela
necessitava para sua ornamentação –
Em 6 de julho de 1841 teve lugar a primeira seção ordinária
onde fez-se a proposta dos que deviam ocupar os cargos da municipalidade
nomeando três cidadãos para juiz Municipal que foram Manoel Gonçalves do
Nascimento, Modesto Gonçalves Cordeiro, Francisco Antonio Pereira. Para o cargo
de juiz de Orfãos: Antonio dos Santos, Antonio Vieira dos Santos, Polydoro José
dos Santos e para o cargo de Promotor Público, Antonio Luiz Gomes, Antonio
Vieira dos Santos Júnior, e José Antonio dos Santos na ordem que seus nomes
estão colocados.
Da instalação da Câmara deu-se ciência ao Dr. Juiz de
Direito e às vilas limítrofes para os Juízes de Direito e Câmara de Curitiba,
Castro, Príncipe, Antonina e Guaratuba.
Em sessão de 12 de julho resolveu a Câmara nomear uma
comissão de três membros para revisar e organizar as novas posturas e foram os
vereadores João Coelho Guedes, Ricardo
José da Costa Guimarães e José de Loyola e Silva.
Em sessão extraordinária de 2 de agosto, a Câmara oficiou
aos eleitores desta vila o Sargento Mór Antonio Ricardo dos Santos, Modesto
Gonçalves Cordeiro e Hypolito José Alves se achavam no dia 7 de setembro em
Paranaguá em virtude da Portaria do Presidente da Província de 1º de julho por
ter convocado a Assembleia Legislativa
Provincial no dia 7 de janeiro do ano futuro e fazer a eleição para deputados provinciais cuja
apuração marcava no dia 7 de novembro.
Na sessão extraordinária de 4 de agosto, recebeu-se um
ofício de Juiz de Paz propondo para o cargo de escrivão João Gonçalves de
Araújo ao qual se oficiou para vir prestar juramento ; o proposto não aceitou o
cargo. A coroação de Sua Majestade D. Pedro II a 18 de julho deu lugar a que se
fizessem festas solenes em toda parte do Brasil. A cidade de Paranaguá foi onde
as solenidades excederam à expectativa. Diz o autor das memórias que a maior
glória destas festas coube aos Morretenses Antonio Vieira dos Santos Jr. , José
Vieira dos Santos, Manoel Antonio Bittencourt, Manoel dos Santos Cordeiro,
Victorino José de Freitas, Francisco Luiz Ferreira, Francisco da Costa Pinto.
Primeiras
autoridades de Morretes
Subdelegado – Ricardo
José da Costa Guimarães
1º Suplente – Manoel
Antonio Bittencourt
2º Suplente – Joaquim
Vieira Belém
3º Suplente – Hypolito
José Alves
Nomeados em 2 de abril
de 1842.
Era presidente da Província
de São Paulo o Barão de Monte Alegre e vice-presidente Vicente Pires da Mota.
Secretário do governo Antonio Mariano de Azevedo Marques.
_____________________
Escola
particular Dª Senhorinha Francisca das Neves, com 25 alunos.
Em
oficio de 22 de dezembro de 1842, a Câmara Municipal oficiou ao Presidente da
Província pedindo a criação de uma escola pública, em virtude de só existir uma
escola particular regida pela professora Dª Senhorinha Francisca das Neves que
reunia todas as qualidades para esse mister, mas que sendo particular só podia
ser frequentada mediante pagamento, por conseguinte por meninos cujos pais dispusessem
de recursos, ficando os menos favorecidos da fortuna, sem instrução.
Em
sessão de 9 de outubro de 1843 a Câmara oficiou ao Presidente da província para
serem conservadas pelas mesmas direções das duas estradas gerais que desta vila
seguem para a cidade de Curitiba, sendo uma pela barreira de barro vermelho em
conformidade do artº 12 §5º da carta de lei provincial nº 25 de 25 de março de
1841 e outra pela barreira do Rio do Pinto e Arraial de São José dos Pinhais na
conformidade do § 6º do dito artigo e lei citada etc.
Em
sessão de 11 de outubro de 1843 a Câmara oficiou ao presidente da província em
resposta à portaria de 4 de julho acompanhando a ordem do dia 1º do mesmo mês
de ter o mesmo Sr. Nomeado cidadão Modesto Gonçalves Cordeiro, Tenente Coronel
Comandante do batalhão de Guardas Nacionais desta vila e marcando largo da
Ponte Alta para ter lugar a parada do mesmo batalhão e o das companhias à
frente das residências dos Capitães e desta nomeação deu-se ciência ao
Comendador Manoel Antonio da Cunha, Comandante superior das legiões do sul.
Em
oficio de 17 de janeiro de 1844 a Câmara pediu a pediu a criação de uma escola
de primeiras letras para meninas. Em oficio de 19 de janeiro de 1844 dirigido
ao presidente da província, a Câmara propôs a nomeação do cidadão Antonio Luiz
Pereira para Promotor Público com a graduação de Capitão e para Secretário com
a graduação de Tenente o guarda nacional Manoel de Oliveira Cercal, de
conformidade com a lei nº 11 de 23 de fevereiro de 1836 e do artº 94 da carta
de lei de 18 de agosto de 1831. Em ofício de 17 de janeiro de 1844 criando uma
cadeira de primeiras letras para o sexo feminino, para a vila de Morretes
referendada pelo presidente Manoel Felizardo de Souza Mello: artº 1º - Fica
criada na vila de Morretes uma cadeira de primeiras letras para o sexo
feminino, vencendo a professora o ordenado estabelecido pelas leis em vigor-
Revogadas todas as disposições em contrário. A Câmara Municipal de São Paulo
oficiou em 23 de abril à Câmara de Morretes comunicando que tomou posse da
presidência da província o brigadeiro Joaquim José de Moraes de Abreu por ter
partido para o Rio de Janeiro o Dr. Manoel Felizardo de Souza Mello. Em 29 do
mês de setembro de 1844 se fez na Villa de Morretes a grande solenidade do
benzimento do estandarte do batalhão na igreja Matriz. De noite foi feita a
primeira récita no novo teatro onde foi representado o drama “Patriotismo”. O
Teatro onde foi representado, se armou dentro de um comprido armazém do cidadão
Joaquim Antonio dos santos Souza, fazendo o autor das Memórias, uma locução com
relação aos acontecimentos do dia. Em ofício de 17 de outubro dirigido ao
presidente da província propondo D. Geraldina Amélia Viana, mulher casada com
Manoel da Cunha Vianna para ocupar interinamente a cadeira das primeiras letras
para o ensino das meninas, enquanto ela ou outra não se habilitassem com os
necessários requisitos.
Fazendo
a apreciação dos serviços prestados pelos vereadores da mesma Câmara de 41-44,
o autor das Memórias diz que nem por isso deixam de merecer ainda maiores elogios
os novos membros da Câmara Municipal que ora tomam posse tendo à sua frente
como presidente o mui patriótico e distinto cidadão Tte. Cel. Modesto Gonçalves
Corseiro. Na sessão de 7 de janeiro de 1845 a Câmara deu posse depois do
juramento aos 4 Juízes de Paz que vão servir no triênio de 1845-1848 Américo
Gonçalves de Moraes, Domingos Ricardo Guimarães, José Antonio dos Santos e João
Gonçalves de Araújo, oficiando-se o ex-juiz de Paz que finou que mandasse
entregar ao 1º nomeado a tabuleta da insígnia e os demais pertencentes ao mesmo
cargo. Em 14 de janeiro tomou posse do cargo de fiscal o cidadão Antonio José
Leite Bastos. FS 517 no dia 20 de janeiro de 1845 houve na povoação do
Porto de Cima uma grande festa dedicada ao glorioso mártir S. Sebastião com
missa que se disse em uma casa particular em um altar portátil do qual foi
festeiro o cidadão Manoel Ribeiro de Macedo em sessões extraordinárias de 14 a
15 de maio a Câmara tratou sobre a obra de fatura da ponte da freguesia de S.
José dos Pinhais, encarregando dessa fatura o patriótico cidadão Modesto
Gonçalves Cordeiro. Na sessão de 13 de janeiro foi apresentado à Câmara dos
Moradores do Porto de Cima, acompanhado da provisão do Sr. Bispo Diocesano no
qual lhes concede a ereção de uma capela pedindo mandar passar carta de data
1846. Nos dias 28, 29 e 30 de janeiro de 1846 depois de ter soprado fortemente
o vento leste, sobreveio grande temporal, elevando a corrente das águas do rio
Cubatão para mais de 25 palmos de altura. Foi esta a primeira enchente depois
da de 1796 que obrigou o povo a refugiar-se no alto da igreja. Um ofício de 17
de janeiro de 1846 a Câmara comunicou à presidência da província remetendo-lhe
o termo de exame a que mandaram proceder pelo professor de primeiras letras
Francisco da Silva Neves e Comendador Antonio José de Araújo a D. Geraldina
Amelia de Souza para servir de professora de primeiras letras na cadeira do
ensino das meninas. Em 24 de abril a Câmara mandou dentre os membros uma
comissão ao Porto de Cima a tratar do alinhamento que deveriam ter as ruas
daquela povoação.
Ofício
de 10 de março que a Câmara dirigiu ao Vigário encomendado Padre Agostinho
Machado Lima em resposta ao ofício do mesmo em data de hoje que acompanhava a
portaria de sua Excia. Reverendíssimo de 10 de dezembro do ano próximo passado
que havia tomado posse da igreja no dia 7 do corrente que ficou inteirado e que
sempre seria harmonioso com ele em todos os limites de suas deliberações
municipais. Em 20 de maio de 1847 pelas
8 horas da noite pegou fogo no engenho de Francisco da Costa Pinto a cuja
catástrofe acudiu a maior parte do povo desta vila, tocou-se o sino e rebate e
a corneta do batalhão, foi assistir o delegado de polícia e conseguiu-se com
bastante trabalho o apagar-se, distinguindo-se entre todas as pessoas que foram
acudir, o cidadão português Isidoro Marques
Leal que denodadamente se meteu entre os
maiores perigos e outros mais como oficial de carpintaria Luiz Ferreira de
Souza. Em 29 de maio faleceu a professora D. Geraldina Amelia de Souza
professora da cadeira de primeiras letras, sendo ela substituída em 7 de junho
do mesmo ano por nomeação da Câmara Municipal de senhorinha Francisca das
Neves, irmã do professor da mesma vila. No relatório que a Câmara enviou ao
Presidente da província pedia que sejam conservados pelas mesmas direções em
que se acham as duas estradas que desta vila seguem para Serra Acima, uma pela
barreira do Itupava e outra pelo Rio do Pinto ao Arraial de São José.
Em
ofício que a Câmara dirigiu em 22 de novembro aos inspetores da estrada de
Itupava, Manoel Francisco Correia Júnior e da estrada do Arraial para Morretes o
Cap. José Fernandes Correia Junior exigiu informações do estado em que se acham
essas estradas. Em ofício de seis de julho de 1849 dirigido ao Presidente da
província propôs para o posto do Capitão da 1ª Companhia pela vaga do falecido
Joaquim Gonçalves Cordeiro – para Tte das 3ª Alferes da 4ª Domingos Ricardo dos
Santos – para Alferes da 4ª, o primeiro sargento Francisco da Costa Pinto. Para
Tte. Secretário do Promotor José Antonio Nóbrega. Na sessão de 14 de março de
1850, o vereador Antonio Luiz Gomes fez entre outras indicações, indicou também
que se fizesse uma representação à Assembleia Geral Legislativa pedindo-lhe a
discussão do projeto de lei pela qual se pretende elevar à categoria de
província esta Comarca visto estar há mais de 16 anos adiada. Em 15 de setembro
de 1850 de manhã se fez o benzimento na nova Capela do Porto de Cima com a
invocação de N. S. da Guia e S. Sebastião feita pelo vigário da Comarca Padre
Agostinho Machado de Lima.