sexta-feira

Theatre


1935
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MORRETES
Theatre

Perante numerosíssima assistência, uma das maiores já vistas em nosso teatro, subiu à cena domingo último, dia 9, a engraçadíssima comédia de Paulo Orlando intitulada “Se o Anacleto Soubesse”, pelos amadores do nosso já popular e apreciado grupo teatral. O espetáculo realizado em benefício da caixa pra construção do novo prédio da Sociedade dos Operários, reuniu, como dissemos, grande assistência, notando-se além dos habitantes do teatro, a enorme classe operária local que demonstrou desta forma a união existente entre si. A Banda também se associou ao festival, executando nos intervalos várias peças do seu repertório. A representação da peça, em hora com pequeninas falhas, perfeitamente justificáveis no seu todo agradou plenamente. Os amadores se houveram com rara felicidade conduzindo-se as cenas verdadeiramente com galhardia. Traduzindo a impressão geral, cabe-nos apresentar aos amadores possuídos de justa satisfação, pois que do público receberam os aplausos compensadores do esforço despendido em prol da cultura da arte de representar Morretes.

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            Findo o ato variado, aperitivo da comédia que serviu de cabaretier o amador M.L. de Bona e se exibiram a pedidos além dos amadores do grupo, os jovens Bento G. Cordeiro e Mertilio Trombini, o primeiro violonista e o segundo possuidor de uma excelente voz, foi dado o sinal para o início da comédia. Adalberto Brambilla, hábil caracterizador, já havia maquiado o pessoal. Agassis Morais e Nico Scarpin, antigos baluartes do grupo e respectivamente o ponto e contra-regra, igualmente já se achavam em seus postos. Subiu o pano. A cena, otimamente montada, impressionou agradavelmente o público. Desenvolvendo a história imaginada pelo comediante Paulo Orlando. Iniciaram os amadores o seu trabalho, no que como dissemos foram otimamente sucedidos. Aguçamos a nossa atenção e estudamos os gestos, a dicção, o jogo de cena. E agora viemos para dizer aos leitores do Diário que tanto a peça como os amadores em conjunto agradaram plenamente. Individualmente apreciaremos do seguinte modo as suas atuações:
JOSEPHINA ZETOLA - Desembaraçada e jovial, esteve excelente na sua interpretação. Tem qualidades.
EUNICE ZATTAR - Fez muito bem a “furiosa” ao lhe julgarem fora das faculdades mentais. Estamos que se haverá também bem em papéis tipo menina sapeca. Devem experimentá-la.
YAYÁ SANTOS – Nota se ter inclinação para o palco. Inteligente e de bom porte, possuindo ainda boa voz, desempenhara facilmente os papéis que lhe foram confiados.
AURORA PORRUA – Como em “Saudade” demonstrou a sua queda para a ribalta. Melhorando desta vez a entoação de sua voz, mais agradou a assistência já pelo papel que lhe deram foi do elenco feminino a que mais se destacou. Será em breve uma amadora completa.
MARIO MIRANDA -  Fez um criado um tanto pedante, mas mesmo por esse motivo agradou. É desembaraçado.
MANES BARBERI – Foi pequeno o seu papel. Bastou, porém para que demonstrasse a ótima pronúncia de que é possuidor.
ROLANDO MALUCELLI – Desincumbiu-se com excelente naturalidade da parte que lhe coube. Tem personalidade em cena.
EUGENIO DALL STELLA- Metamorfoseou-se desta vez passando de personagem austero e respeitador a um velho gaiato e cínico como só foi o Tobias.
Bravo “seu” Genico. Esteve completo no seu papel.
NICOLA ZETOLA – Como das outras vezes, perfeito na personagem que encarnou. Criou um Anacleto misto de bonachão, de espirituoso e por fim, de enérgico. Aliás, Zetola é um amador de vastos recursos. Ao lado de Genico, forma uma dupla incomparável, apto para o desempenho de papéis de toda natureza.