sexta-feira

Exploração do Ouro em Morretes




                          Marcos L. De Bona



Os órgãos de comunicação – TV’s e jornais – deram a notícia da possibilidade da exploração do ouro neste município e em todo o litoral, para tanto tendo sido delimitada pela Secretaria de Indústria e Comércio uma área de 22 Km² de aluvião e de 70 Km² de encostas da Serra do Mar, ficando autorizada a empresa Mineropar para a execução de um programa específico de pesquisas.

Vemos com boas perspectivas essa iniciativa, pelo menos quanto ao Município de Morretes, pois somos conhecedores de pessoas que há tempos, em fins de semana vêm fazendo um “bico”,  portando bateias e obtendo pequenas quantidades de pepitas do rio. Não é uma atividade muito lucrativa, visto que o trabalho é grande e o resultado pequeno, mas que existe ouro, existe mesmo, e quem sabe se com processos mecanizados e com a orientação de técnicos, a coisa pode ser viável economicamente.

Os registros históricos apontam a região como tendo sido uma das primeiras áreas a produzirem ouro no início do povoamento do Paraná, ainda no século XVI. Lembramo-nos que no ano de 1936 o ilustre paranaense Dr. Lysimaco Ferreira da Costa fez uma tentativa nos terrenos pertencentes a Pedro Manso da Silva, no povoado de Anhaia, onde havia indícios da exploração da famosa mina Penajóia, comprovando-se a existência do precioso metal, não tendo o empreendimento sido levado avante certamente pelas dificuldades encontradas no momento. Dessa iniciativa do Dr. Lysimaco, não tendo sido o ouro, um outro benefício resultou para Morretes: foi a vinda do seu filho, então recém-formado, Antonio Franco Ferreira da Costa, para passar uma temporada na propriedade e que acabou sendo Prefeito nomeado pelo interventor Manoel Ribas, e posteriormente Juiz de Direito, pessoa muito querida aqui e que em seguida projetou-se na magistratura chegando a desembargador.

A mina Penajóia foi famosa segundo o historiador Vieira dos Santos, era de lavras muito abundantes, em cascalho azul. Pertencia ao Sargento-Mor Domingos Cardoso Lima, abastado de bens e possuidor de muita escravatura, e tendo enriquecido com as lavras de Açongui, veio estabelecer sua moradia em Morretes. Sua casa era adornada de damasco e seda; sua mesa servida de baixelas de prata; suas mocambas ou as mulatas, pagens de sua família, adornadas com cordões de ouro; e até tinha uma banda completa de música, que seus escravos tocavam principalmente quando ele ia à vila de Paranaguá, fazendo uma entrada pomposa ao som da trompa e de clarins.



Curitiba, domingo, 13 de dezembro de 1981.