Por Jorge Luiz Malucelli
Todos os povos, todas
as regiões têm as suas fases de estacionamento, de retrocesso, mesmo para um
dia, sob uma força estranha, um poder quase místico, incontido perceberem uma
metamorfose súbita, um avançar imenso pela estrada que conduz ao progresso, a
civilização, que os irão nivelando, perante os que já sentiram os seus contatos,
as suas influências grandiosas e necessárias.
MORRETES, berço de mentalidades fecundas e esplendorosas
como Rocha Pombo, saudoso historiador brasileiro: Silveira Netto, Rodrigo de
Freitas e outros, chegou ao termo de uma jornada fatigante e difícil, pois a
data que hoje transcorre é de imenso júbilo para o povo morretense: essa
tradicional cidade litorânea comemora no dia de hoje mais um aniversário de sua
fundação, atingindo nesta data a avançada idade de duzentos e dezoito anos
(218), sendo uma das mais antigas cidades do Paraná. Em 31 de outubro de 1733
precisamente, os oficiais da Câmara da Vila de Paranaguá fizeram a demarcação
de uma área de 300 braças de terra, em nome do Rei, entregando-as então a JOÃO
DE ALMEIDA, fundador de Morretes, originando-se daí a povoação morreteana, a
qual foi elevada a categoria de Freguesia sob a invocação de NOSSA SENHORA DO
PORTO, padroeira de Morretes, por provisão do Bispo de São Paulo em 29 de abril
de 1812.
MORRETES, sempre esperançosa, inicia agora a grande
trajetória de uma terra que recebeu a mensagem de altos desígnios para o seu
povo, modesto, porém, laborioso e bom.
No município de Morretes se encontram os decantados panoramas que se
descortinam da Serra, a cascata do “Véu da Noiva”, os “canions” do Pico do
Diabo e todos os maravilhosos, e por vezes, vertiginosos aspectos do trecho da
Serra do Marumbi, fraldeado pela Estrada de Ferro assim como as florestas, as
serras e os abismos que se avistam da rodovia estadual da Graciosa. Também aqui
se ergue a montanha do Marumbi, cujo pico é o mais elevado do sistema
orográfico do Estado com 1810 metros acima do nível do mar, e é ao qual
ascendem, na estação hibernal, centenas de turistas, para contemplar o soberbo
cenário que do seu cimo se descortina e se estende por mais de 100 kms. Há,
nesta serra, no km 65, um local histórico em que foram fuzilados, no tempo da
Revolução Federalista, alguns paranaenses ilustres. Há ainda em Morretes, um
local denominado Sambaqui, onde, segundo o historiador Vieira dos Santos,
assentava a sua taba o grã Cacique dos índios Carijós, que habitavam o litoral
paranaense no século do descobrimento do Brasil.
MORRETES, terra frutífera, vê-se agora enriquecida com a
construção de uma Usina de Açúcar e Álcool, a qual está funcionando sob a
responsabilidade de Marcos Malucelli & Irmãos Ltda. Tradicional família
morreteana, na Vila Central a qual fica apenas a dois quilômetros da cidade e
onde se acham localizados majestosos engenhos de aguardente com a construção já
concluída e em funcionamento de um Grupo Escolar na rua 15 de novembro e ainda
com o Hospital de Caridade construído na rua José Morais.
Estão, portanto, de parabéns, todos aqueles, que, na
missão sublime de engrandecer o Universo e os seus semelhantes, lutam
heroicamente em prol do progresso e levantamento espiritual da terra em que
vivem: e que os Céus sempre o reconhecimento e a gratidão das gerações
presentes e futuras...
SALVE, pois, MORRETES, meu recanto natal e dos meus
afetos. Que, sobre ti, neste dia em que comemoras mais um ano de sua fundação,
a VIRGEM NOSSA SENHORA DO PORTO, na grandeza do seu templo augusto, com
magnificência de Murilo e Rafael, espalhe sempre luminosidade do seu amor, os
efusivos celestes do seu coração !!!
Salve, pois, 31 de outubro de 1951.